quarta-feira, 7 de novembro de 2012

FOTO DA BANDA DO MAESTRO ÁLVARO CAMPOS

  1945 INAUGURAÇÃO DA COOPERATIVA DE ARARIPINA-PE

Entrevista com Geraldo de Décio





Geraldo de Décio,(Geraldo Lacerda) Aluno do Maestro Álvaro Campos tornou-se um exímio músico que animou os festejos da região do Araripe durante 20 anos, e por gerações como um dos incentivadores da continuação da Banda de músicos de Araripina, homem de presença forte que impõe respeito e disciplina, mas que durante nossa conversa demonstrou sua sensibilidade ao se lembrar do seu professor e Maestro Álvaro Campos, sendo impossível conter-se e segurar a lagrima que escorria e era lentamente enxugada com a brisa que por ali passava, dando a impressão que a saudade daquele tempo de alegria se eternizara  ao elevar seus pensamentos as lembranças da época de músico.
    
Hely Alen: Conte-nos como aconteceu  seu aprendizado na Banda do Maestro Álvaro Campos?

Geraldo de Décio: Eu quando era menino, seu Álvaro campos me convidou pra fazer parte da banda, eu fui e comecei bater bombo, caixa, surdo, e assim por diante, ai então começou a me ensinar música foi fácil e eu aprendi, o  primeiro instrumento que ele me deu foi o bombardino, eu tocava bombardino na banda, eu tinha uns 14 (quatorze) anos mais ou menos 13 (treze), ai fiquei tocando bombardino até formar a banda, passei uns 20 (vinte) anos tocando na banda sob a regência de seu Álvaro, depois veio o mestre Raimundo Vital onde tinha um filho que era clarinetista muito bom Assis Vital, na minha época tinham os colegas músicos: Liberato Cruz um rapaz de Simões que era alfaiate aqui, tinha Silvestre Gonçalves de Sousa que residia aqui perto do Luiz Correa ainda hoje tem a casinha dele, Severino Bentinho que ta vivo ainda, Cícero Pacifico, Zezinho na Trompa,  Alcides de Leopoldo no tarol e como trombonista na banda tinha Liberato e Pedro Bandeira. 

Hely Alen: Qual a maior lembrança que tem dessa época?

Geraldo de Décio: Foi na época da guerra, que até, na vitoria quando terminou a guerra nos saímos nas ruas todas tocando, ainda era seu Álvaro o Maestro. Não sei qual foi o motivo que ele arranjou esse maestro pra vir reger essa banda, por sinal, era um bom músico seu Raimundo Vitório, mas como chefe era péssimo.

Hely Alen: Quais os locais que a banda se apresentava?

Geraldo de Décio: Nos íamos tocar no Araripe, Pio Nono, Salitre,no Morais todo ano agente ia no tempo de seu Álvaro, eram alguns lugares que a Banda se apresentava. Muito boa a banda desse tempo, havia ordem, todo mundo gostava de seu Álvaro por isso que agente obedecia a ele, não era com ignorância que ele dominava não, ele era o líder, Álvaro Alvinho Campos era o nome dele, ele é de Jardim-CE, chegou aqui novo ficou viúvo, depois se casou-se, ficou viúvo em Bodocó, mas ele gostava muito de musica, gastava o dinheiro do bolso dele das despesas, dava comida a musico, as vezes passava um musico aqui aperriado como Chacoca e outros ele dava hospedagem.

Hely Alen: Nas suas lembranças, em qual ano a banda parou?

Geraldo de Décio: Eu fui embora quando voltei não encontrei mais a banda, eu fui pra São Paulo para o Rio, quando cheguei tinha se acabado.

Hely Alen: A atual Banda era presença certa nos festejos de Serra Branca e região levado por sua comitiva, eram tempos bons!


Geraldo de Décio: Eu a levei para serra branca quando o prefeito era Valmir, ai certas coisas foram desgostando agente esvaneceu até de incentivar mais os músicos, mais eu gosto muito de música, eu me dou bem com os músicos atuais todos são homens bons, direitos.


Hely Alen: Deixe-nos uma mensagem para aqueles que gostam de música?

Geraldo de Décio: O que eu quero dizer é que ajudem a bandinha, não a deixem morrer, é a única cidade do interior de Pernambuco de Salgueiro pra cá que tem uma banda boa é Araripina, e graça ao prefeito Valmir Lacerda que municipalizou, e deu incentivo, ele gosta também, até hoje ta funcionando.

Hely Alen: Somos grato pela suas palavras memoráveis e veneráveis a música, Lembrado por alguns como um exímio musico da época de ouro do Maestro Álvaro Campos, é prestigiado com saudades pelos músicos da banda atual, era freqüente a comitiva do Senhor Geraldo com a atual Banda Maestro Álvaro Campos tocando e animando os festejos e aniversários em Serra Branca, Araripe-CE e região. Grande homem e  personalidade da nossa cidade e região, um adorador e incentivador da nossa bandinha. São inesquecíveis as lembranças na sua fazenda em Serra Branca que os músicos ainda hoje relembram com saudades e a satisfação do convivido com vossa presença.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Entrevista com Dr. VALMIR LACERDA (Ex-Prefeito e Fundador da Banda )





Dr. José Valmir Ramos Lacerda, Prefeito de Araripina – PE nos anos de 1982 a 1989, o grande administrador de grandiosas obras estruturais, durante seu legado fundou a Banda Municipal no ano 1987, banda esta batizada pelo próprio prefeito com o nome do Saudoso Maestro Álvaro Campos merecedor de enaltecida homenagem. O Ex-Prefeito Dr. Valmir Lacerda, ilustre personalidade que tive o prazer de entrevistar e que aplicou a suas palavras uma serenidade impar falando com a autoridade de conhecimento sobre a criação da Banda, logo após a entrevista em uma conversa descontraída relatou-me fatos importantes guardado na sua memória, são detalhes de grandes momentos culturais, políticos e sociais ocorridos nas ultimas décadas no sertão do Araripe, sua figura de visual marcante com brilho próprio e um apaixonado por a Banda Maestro Álvaro Campos facilitou a comunicação, e sabendo-se que suas obras são concretas, duradouras e inabaláveis, a nossa BANDINHA (carinhosamente conhecida) criada pelo mesmo, até os dias atuais é o único patrimônio cultural existente que proporciona a principal atividade de lazer artístico-histórico-cultural  na cidade de Araripina no sertão Pernambucano.

Hely Alen: Como foi o processo de criação e fundação da Banda Maestro Álvaro Campos?

Dr. Valmir Lacerda: A Banda! Isso foi uma homenagem que fiz a Álvaro Campos, eu era prefeito nessa época, e o Padre solicitou que iria precisar de uma Banda e se a prefeitura podia ajudar, para os festejos da festa da padroeira, eu disse que sim, só que, eu quando criança conheci aqui uma banda de música do Maestro Álvaro Campos, ele era quem alegrava as noites aqui festivas, e ele tinha esses instrumentos que conseguiu todos em Paris, todos instrumentos importados, e ele então abriu uma escola de musica com  pessoas da sociedade, naquele tempo não é como hoje, hoje a qualquer discriminação, o sujeito não se aproxima muito de fulano porque fulano tem isso tem aquilo, mas naquele tempo não havia discriminação, por mais pobre que o sujeito fosse pobre, o que valia era a vergonha na cara e tinham amizade mesmo, eram amigos, ricos e pobres não havia distinção isso em escolas, não é, e seu Álvaro como era, foi o primeiro farmacêutico daqui e ele nasceu dentro de uma banda de musica na cidade de Jardim no Ceará e aos 12 (doze) anos ele já tocava todos os instrumentos, mas o instrumento que ele gostava mesmo era a requinta, você deve conhecer a requinta? “Hely Alen: conheço sim”, pois é, mas ele tocava todos os instrumentos, era o homem que seguia a partitura, e quando jovem ele teve a oportunidade de conhecer uma senhora em Bodocó e lá casou, quer dizer, esse pessoal morava no jardim, mas veio para Bodocó que eram conhecidos dele lá e ele casou-se e foi viver em Bodocó onde abriu uma farmácia e continuou com banda de música em Bodocó, ele foi sabedor que existia essa cidade aqui veio passear e conheceu e achou um comercio fértil, então mudou-se de Bodocó pra aqui, era viúvo já, a esposa dele faleceu em Bodocó e ele veio pra aqui viúvo e aqui casou-se, sua segunda núpcias, e aqui além da implantação da sua farmácia, seu comercio, uma grande farmácia, alem de farmacêutico ele tinha uma especialidade, ele manipulava medicamento, não existia ainda na época, e ele manipulava e fazia também a função de médico, pois não existia medico na cidade, quando ele chegou aqui em 1930, e o primeiro medico que apareceu aqui foi em 1937. Ai montou aqui uma grande farmácia e auxiliava qualquer doente, e fazia, e não pensando na parte financeira, ele era um homem de muita responsabilidade, se tivesse dinheiro pagava o medicamente se não tivesse vendia e pagava quando pudesse ou não pagava, ele tinha essa boa qualidade. Então ele pegou aqui vários jovens e transformou em bons músicos, e por isso quando prefeito, ele faleceu no ano de 1959. Eu criei a Banda de Músico, fui ao Uiraúna no estado da Paraíba e trouxe 10 (dez) bons músicos profissionais, e aqui cheguei pra ofertar a igreja uma banda de musica formada na cidade, formada por músicos paraibanos, músicos de renome e aqui nos fizemos, fundamos aqui o museu, criamos o museu e ao lado eu fiz um prédio a instalação da banda de musica e a escola, nos temos aqui aluno dessa escola que hoje e cirurgião médico, inclusive cirurgião plástico, outros profissionais, quer dizer muitos se dedicaram aqui a musicas mas também outras atividades, engenheiro, medico, professores, mas essa escola acredito que perdura até o dia de hoje, a Banda de musica que hoje é um patrimônio cultural e é um patrimônio da prefeitura municipal de Araripina, essa banda é municipal e os músicos daquela época eles tinha direito a casa, alimentação, roupa lavada e salário, porque somente assim eu podia manter aquela banda e que viessem bons músicos para Araripina, e para Araripina só podiam vir com vantagens e essas vantagens são o reflexo de hoje. Nos temos essa banda que representa o nome de Álvaro Campos o primeiro Maestro e primeiro farmacêutico desta cidade e que hoje é um patrimônio cultural do município de Araripina a Banda de Música Álvaro Campos, o nome completo dele era Álvaro Alves Campos.

Dr. Valmir Lacerda: Eu quero até fazer uma colocação, o único desta banda de musica que existe que eu trouxe do Uiraúna – PB, existe o clarinetista Betinho, então o Betinho, esse ficou, muitos voltaram como o professor Geraldo, Marcondes, Neto, eu soube que Sinval e outros são falecidos, mas agente agradece muito, agente deve ser grato, porque houve melhor perspectiva, eu agradeço hoje e um dia feliz se eu tiver oportunidade vou ao Iraúna agradecer lá, ainda a eles que vieram deslocado de lá com tanto sacrifício, muitos deixaram a família e vieram pra cá, e sempre quando tinha um feriado eu mandava que eles fossem pra casa nas férias pra o aconchego da família e outros terminara trazendo a esposa e família pra aqui, mas que retornaram a terra natal porque tem o espírito nativista o amor a terra natal, mas que contribuíram, e foi a Cidade do Uiraúna que deu uma grande contribuição pra o desenvolvimento da cultura depois de Álvaro Campos, sim foi o Uiraúna que deu a contribuição para o engrandecimento dessa banda de musica de Araripina.

Hely Alen:  Fique a vontade para deixar a sua mensagem e considerações finais?

Dr. Valmir Lacerda: O que eu quero lhes dizer é que, eu sou apaixonado por essa banda, era tanto que, tinha um dobrado “Saudade da Minha Terra”, que eu sou fã desse dobrado porque o Maestro Álvaro Campos, agente (eu) criança, quando terminou a segunda guerra mundial, eu me lembro ainda com 4 (quatro) anos de idade quando terminou a segunda guerra mundial, ele desfilou com todos os músicos aqui tocando de dia e noite esse dobrado saudade da minha terra. E seu Álvaro continuou com a banda dele até morrer, e por isso essa homenagem que nos fazemos a esse nome que muita gente não sabe por que nos demos esse nome, uma homenagem a um homem que o filho também foi farmacêutico, a filha foi a primeira diretora do colégio são Gonçalo, Luzalva Lócio Campos que ensinava Frances, que tanto que seu Álvaro foi o primeiro que inventou quadrilha de são João aqui, ele puxava, ele era o puxador da quadrilha em Frances e português e a sociedade toda freqüentava; o Juiz, promotor, delegado, toda sociedade gostava de seu Álvaro Campos, que por isso seu Álvaro conquistou corações de todos os Araripinenses, teve sua segunda núpcias e todos os seus filhos nasceram aqui, infelizmente houve uma tragédia com um dos filhos dele e a família migrou, mas a amizade ficou, e essa homenagem de Seu Álvaro ficou eterna aqui em Araripina, e seu filho José Arnold Campos que morreu de uma tragédia, uma fatalidade, “tem uma rua com o nome dele José Arnold Campos que também era farmacêutico”, esse cidadão foi um dos melhores jogador de futebol daqui de Araripina, o José Arnold Campos. Mas o seu Álvaro tinha uma coisa, agente chegava na farmácia pra comprar o medicamento, e dizia tem esse medicamento, ele, tem, mais ele saia dando as notas, dó, ré, mi, ré, fá, sol, lá, depois de muito tempo é que vinha com o medicamento, era um apaixonado e andava na rua, gostava, a mão dele servia de batuta, dó, ré, mi, e aquilo era o costume que ele tinha, e por isso essa Banda recebe essa homenagem ao querido e inesquecível Álvaro Alves Campos.

Hely Alen: Obrigado Ex-Prefeito Dr. Valmir Lacerda por abrir e elevar nossos olhos além do horizonte sobre os conhecimentos fundamentais da configuração da Banda Maestro Álvaro Campos, somos gratos pela brava e heróica iniciativa de continuar com a cultura musical de Araripina, tanto eu como todos os músicos e leitores agradecem por tanta feitoria a cultura musical, tenho certeza que em tempos adiante será apropriadamente merecido de honras e  homenageado por tais feitos, saiba quando a Banda entoa o dobrado Saudade de Minha Terra tenha certeza que é para homenageá-lo, pois eis unânime na Banda Álvaro Campos que nos momentos de descontração já mudaram o nome de saudade de minha terra para o dobrado de Dr. Valmir. Um grande homem que construiu o Museu e o Espaço Cultural (antiga sede da Banda hoje desativado) como também a escolinha de música que formou uma geração, deu total apoio e dignidade aos músicos que nela tocavam; boa estadia, bom salário, qualidade de vida, respeito aos músicos, são tempos inesquecíveis, que infelizmente foram esquecidos por a maioria dos pós-administradores que nunca se emocionaram ao ouvir uma música executada por uma banda de musica, nem prestigiaram se que um ensaio ou retreta da BANDA MAESTRO ÁLVARO CAMPOS, lembro-me a nostalgia dos tempos em que íamos á pracinha ver e ouvir a Banda tocar e lá se reuniam jovens, professores, senhoras e senhores da sociedade e quase sempre encontrávamos sua gratificante presença sempre aplaudindo a apresentação. Fica nossas mais respeitosas considerações por Vossa Senhoria, e a certeza que por unicamente por vosso empenho e causa ainda existe a proliferação da cultura Musical da Banda Maestro Álvaro Campos em Araripina e região.