quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Entrevista com Geraldo de Décio
Geraldo de Décio,(Geraldo Lacerda) Aluno do Maestro Álvaro Campos tornou-se
um exímio músico que animou os festejos da região do Araripe durante 20 anos, e
por gerações como um dos incentivadores da continuação da Banda de músicos de
Araripina, homem de presença forte que impõe respeito e disciplina, mas que durante
nossa conversa demonstrou sua sensibilidade ao se lembrar do seu professor e Maestro
Álvaro Campos, sendo impossível conter-se e segurar a lagrima que escorria e era
lentamente enxugada com a brisa que por ali passava, dando a impressão que a
saudade daquele tempo de alegria se eternizara ao elevar seus pensamentos as lembranças da
época de músico.
Hely Alen: Conte-nos como aconteceu seu aprendizado na Banda do Maestro Álvaro
Campos?
Geraldo de Décio: Eu quando era menino, seu Álvaro
campos me convidou pra fazer parte da banda, eu fui e comecei bater bombo,
caixa, surdo, e assim por diante, ai então começou a me ensinar música foi
fácil e eu aprendi, o primeiro
instrumento que ele me deu foi o bombardino, eu tocava bombardino na banda, eu
tinha uns 14 (quatorze) anos mais ou menos 13 (treze), ai fiquei tocando
bombardino até formar a banda, passei uns 20 (vinte) anos tocando na banda sob
a regência de seu Álvaro, depois veio o mestre Raimundo Vital onde tinha um
filho que era clarinetista muito bom Assis Vital, na minha época tinham os
colegas músicos: Liberato Cruz um rapaz de Simões que era alfaiate aqui, tinha
Silvestre Gonçalves de Sousa que residia aqui perto do Luiz Correa ainda hoje
tem a casinha dele, Severino Bentinho que ta vivo ainda, Cícero Pacifico,
Zezinho na Trompa, Alcides de Leopoldo
no tarol e como trombonista na banda tinha Liberato e Pedro Bandeira.
Hely Alen: Qual a maior lembrança que tem dessa
época?
Geraldo de Décio: Foi na época da guerra, que até, na
vitoria quando terminou a guerra nos saímos nas ruas todas tocando, ainda era
seu Álvaro o Maestro. Não sei qual foi o motivo que ele arranjou esse maestro
pra vir reger essa banda, por sinal, era um bom músico seu Raimundo Vitório,
mas como chefe era péssimo.
Hely Alen: Quais os locais que a banda se
apresentava?
Geraldo de Décio: Nos íamos tocar no Araripe, Pio
Nono, Salitre,no Morais todo ano agente ia no tempo de seu Álvaro, eram alguns
lugares que a Banda se apresentava. Muito boa a banda desse tempo, havia ordem,
todo mundo gostava de seu Álvaro por isso que agente obedecia a ele, não era
com ignorância que ele dominava não, ele era o líder, Álvaro Alvinho Campos era
o nome dele, ele é de Jardim-CE, chegou aqui novo ficou viúvo, depois se
casou-se, ficou viúvo em Bodocó, mas ele gostava muito de musica, gastava o
dinheiro do bolso dele das despesas, dava comida a musico, as vezes passava um
musico aqui aperriado como Chacoca e outros ele dava hospedagem.
Hely Alen: Nas suas lembranças, em qual ano a
banda parou?
Geraldo de Décio: Eu fui embora quando voltei não
encontrei mais a banda, eu fui pra São Paulo para o Rio, quando cheguei tinha
se acabado.
Hely Alen: A atual Banda era presença certa nos
festejos de Serra Branca e região levado por sua comitiva, eram tempos bons!
Geraldo de Décio: Eu a levei para serra branca quando o prefeito era Valmir, ai
certas coisas foram desgostando agente esvaneceu até de incentivar mais os
músicos, mais eu gosto muito de música, eu me dou bem com os músicos atuais
todos são homens bons, direitos.
Hely Alen: Deixe-nos uma mensagem para aqueles
que gostam de música?
Geraldo de Décio: O que eu quero dizer é que ajudem a
bandinha, não a deixem morrer, é a única cidade do interior de Pernambuco de
Salgueiro pra cá que tem uma banda boa é Araripina, e graça ao prefeito Valmir
Lacerda que municipalizou, e deu incentivo, ele gosta também, até hoje ta
funcionando.
Hely Alen: Somos grato pela suas palavras
memoráveis e veneráveis a música, Lembrado por alguns como um exímio musico da época
de ouro do Maestro Álvaro Campos, é prestigiado com saudades pelos músicos da
banda atual, era freqüente a comitiva do Senhor Geraldo com a atual Banda
Maestro Álvaro Campos tocando e animando os festejos e aniversários em Serra
Branca, Araripe-CE e região. Grande homem e personalidade da nossa cidade e região, um adorador
e incentivador da nossa bandinha. São inesquecíveis as lembranças na sua
fazenda em Serra Branca que os músicos ainda hoje relembram com saudades e a
satisfação do convivido com vossa presença.
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Entrevista com Dr. VALMIR LACERDA (Ex-Prefeito e Fundador da Banda )
Dr. José Valmir Ramos
Lacerda, Prefeito
de Araripina – PE nos anos de 1982 a 1989, o grande administrador de grandiosas
obras estruturais, durante seu legado fundou a Banda Municipal no ano 1987,
banda esta batizada pelo próprio prefeito com o nome do Saudoso Maestro Álvaro Campos merecedor de enaltecida homenagem. O
Ex-Prefeito Dr. Valmir Lacerda, ilustre personalidade que tive o prazer de
entrevistar e que aplicou a suas palavras uma serenidade impar falando com a
autoridade de conhecimento sobre a criação da Banda, logo após a entrevista em
uma conversa descontraída relatou-me fatos importantes guardado na sua memória,
são detalhes de grandes momentos culturais, políticos e sociais ocorridos nas ultimas
décadas no sertão do Araripe, sua figura de visual marcante com brilho próprio
e um apaixonado por a Banda Maestro
Álvaro Campos facilitou a comunicação, e sabendo-se que suas obras são concretas,
duradouras e inabaláveis, a nossa BANDINHA
(carinhosamente conhecida) criada
pelo mesmo, até os dias atuais é o único patrimônio cultural existente que proporciona
a principal atividade de lazer artístico-histórico-cultural na cidade de Araripina no sertão Pernambucano.
Hely Alen: Como foi o processo de criação e
fundação da Banda Maestro Álvaro Campos?
Dr. Valmir Lacerda: A Banda! Isso foi uma homenagem
que fiz a Álvaro Campos, eu era prefeito nessa época, e o Padre solicitou que
iria precisar de uma Banda e se a prefeitura podia ajudar, para os festejos da
festa da padroeira, eu disse que sim, só que, eu quando criança conheci aqui
uma banda de música do Maestro Álvaro Campos, ele era quem alegrava as noites
aqui festivas, e ele tinha esses instrumentos que conseguiu todos em Paris,
todos instrumentos importados, e ele então abriu uma escola de musica com pessoas da sociedade, naquele tempo não é
como hoje, hoje a qualquer discriminação, o sujeito não se aproxima muito de
fulano porque fulano tem isso tem aquilo, mas naquele tempo não havia
discriminação, por mais pobre que o sujeito fosse pobre, o que valia era a vergonha
na cara e tinham amizade mesmo, eram amigos, ricos e pobres não havia distinção
isso em escolas, não é, e seu Álvaro como era, foi o primeiro farmacêutico
daqui e ele nasceu dentro de uma banda de musica na cidade de Jardim no Ceará e
aos 12 (doze) anos ele já tocava todos os instrumentos, mas o instrumento que
ele gostava mesmo era a requinta, você deve conhecer a requinta? “Hely Alen: conheço sim”, pois é, mas ele tocava todos os
instrumentos, era o homem que seguia a partitura, e quando jovem ele teve a
oportunidade de conhecer uma senhora em Bodocó e lá casou, quer dizer, esse
pessoal morava no jardim, mas veio para Bodocó que eram conhecidos dele lá e
ele casou-se e foi viver em Bodocó onde abriu uma farmácia e continuou com
banda de música em Bodocó, ele foi sabedor que existia essa cidade aqui veio
passear e conheceu e achou um comercio fértil, então mudou-se de Bodocó pra
aqui, era viúvo já, a esposa dele faleceu em Bodocó e ele veio pra aqui viúvo e
aqui casou-se, sua segunda núpcias, e aqui além da implantação da sua farmácia,
seu comercio, uma grande farmácia, alem de farmacêutico ele tinha uma
especialidade, ele manipulava medicamento, não existia ainda na época, e ele
manipulava e fazia também a função de médico, pois não existia medico na
cidade, quando ele chegou aqui em 1930, e o primeiro medico que apareceu aqui foi
em 1937. Ai montou aqui uma grande farmácia e auxiliava qualquer doente, e
fazia, e não pensando na parte financeira, ele era um homem de muita
responsabilidade, se tivesse dinheiro pagava o medicamente se não tivesse
vendia e pagava quando pudesse ou não pagava, ele tinha essa boa qualidade.
Então ele pegou aqui vários jovens e transformou em bons músicos, e por isso
quando prefeito, ele faleceu no ano de 1959. Eu criei a Banda de Músico, fui ao
Uiraúna no estado da Paraíba e trouxe 10 (dez) bons músicos profissionais, e
aqui cheguei pra ofertar a igreja uma banda de musica formada na cidade,
formada por músicos paraibanos, músicos de renome e aqui nos fizemos, fundamos
aqui o museu, criamos o museu e ao lado eu fiz um prédio a instalação da banda
de musica e a escola, nos temos aqui aluno dessa escola que hoje e cirurgião
médico, inclusive cirurgião plástico, outros profissionais, quer dizer muitos
se dedicaram aqui a musicas mas também outras atividades, engenheiro, medico,
professores, mas essa escola acredito que perdura até o dia de hoje, a Banda de
musica que hoje é um patrimônio cultural e é um patrimônio da prefeitura
municipal de Araripina, essa banda é municipal e os músicos daquela época eles
tinha direito a casa, alimentação, roupa lavada e salário, porque somente assim
eu podia manter aquela banda e que viessem bons músicos para Araripina, e para
Araripina só podiam vir com vantagens e essas vantagens são o reflexo de hoje.
Nos temos essa banda que representa o nome de Álvaro Campos o primeiro Maestro
e primeiro farmacêutico desta cidade e que hoje é um patrimônio cultural do
município de Araripina a Banda de Música Álvaro Campos, o nome completo dele
era Álvaro Alves Campos.
Dr. Valmir Lacerda: Eu quero até fazer uma
colocação, o único desta banda de musica que existe que eu trouxe do Uiraúna –
PB, existe o clarinetista Betinho, então o Betinho, esse ficou, muitos voltaram
como o professor Geraldo, Marcondes, Neto, eu soube que Sinval e outros são
falecidos, mas agente agradece muito, agente deve ser grato, porque houve
melhor perspectiva, eu agradeço hoje e um dia feliz se eu tiver oportunidade
vou ao Iraúna agradecer lá, ainda a eles que vieram deslocado de lá com tanto
sacrifício, muitos deixaram a família e vieram pra cá, e sempre quando tinha um
feriado eu mandava que eles fossem pra casa nas férias pra o aconchego da
família e outros terminara trazendo a esposa e família pra aqui, mas que
retornaram a terra natal porque tem o espírito nativista o amor a terra natal,
mas que contribuíram, e foi a Cidade do Uiraúna que deu uma grande contribuição
pra o desenvolvimento da cultura depois de Álvaro Campos, sim foi o Uiraúna que
deu a contribuição para o engrandecimento dessa banda de musica de Araripina.
Hely Alen:
Fique a vontade para deixar a sua mensagem e considerações finais?
Dr. Valmir Lacerda: O que eu quero lhes dizer é que,
eu sou apaixonado por essa banda, era tanto que, tinha um dobrado “Saudade da Minha Terra”, que eu sou fã
desse dobrado porque o Maestro Álvaro Campos, agente (eu) criança, quando terminou
a segunda guerra mundial, eu me lembro ainda com 4 (quatro) anos de idade
quando terminou a segunda guerra mundial, ele desfilou com todos os músicos
aqui tocando de dia e noite esse dobrado saudade da minha terra. E seu Álvaro
continuou com a banda dele até morrer, e por isso essa homenagem que nos
fazemos a esse nome que muita gente não sabe por que nos demos esse nome, uma
homenagem a um homem que o filho também foi farmacêutico, a filha foi a
primeira diretora do colégio são Gonçalo, Luzalva Lócio Campos que ensinava
Frances, que tanto que seu Álvaro foi o primeiro que inventou quadrilha de são
João aqui, ele puxava, ele era o puxador da quadrilha em Frances e português e
a sociedade toda freqüentava; o Juiz, promotor, delegado, toda sociedade
gostava de seu Álvaro Campos, que por isso seu Álvaro conquistou corações de
todos os Araripinenses, teve sua segunda núpcias e todos os seus filhos
nasceram aqui, infelizmente houve uma tragédia com um dos filhos dele e a
família migrou, mas a amizade ficou, e essa homenagem de Seu Álvaro ficou
eterna aqui em Araripina, e seu filho José Arnold Campos que morreu de uma
tragédia, uma fatalidade, “tem uma rua com o nome dele José Arnold Campos que
também era farmacêutico”, esse cidadão foi um dos melhores jogador de futebol
daqui de Araripina, o José Arnold Campos. Mas o seu Álvaro tinha uma coisa,
agente chegava na farmácia pra comprar o medicamento, e dizia tem esse
medicamento, ele, tem, mais ele saia dando as notas, dó, ré, mi, ré, fá, sol,
lá, depois de muito tempo é que vinha com o medicamento, era um apaixonado e
andava na rua, gostava, a mão dele servia de batuta, dó, ré, mi, e aquilo era o
costume que ele tinha, e por isso essa Banda
recebe essa homenagem ao querido e inesquecível Álvaro Alves Campos.
Hely Alen: Obrigado Ex-Prefeito Dr. Valmir
Lacerda por abrir e elevar nossos olhos além do horizonte sobre os
conhecimentos fundamentais da configuração da Banda Maestro Álvaro Campos,
somos gratos pela brava e heróica iniciativa de continuar com a cultura musical
de Araripina, tanto eu como todos os músicos e leitores agradecem por tanta
feitoria a cultura musical, tenho certeza que em tempos adiante será apropriadamente
merecido de honras e homenageado por
tais feitos, saiba quando a Banda entoa o dobrado Saudade de Minha Terra tenha
certeza que é para homenageá-lo, pois eis unânime na Banda Álvaro Campos que
nos momentos de descontração já mudaram o nome de saudade de minha terra para o dobrado de Dr. Valmir. Um grande homem que construiu o Museu e o Espaço
Cultural (antiga sede da Banda hoje desativado) como também a escolinha de
música que formou uma geração, deu total apoio e dignidade aos músicos que nela
tocavam; boa estadia, bom salário, qualidade de vida, respeito aos músicos, são
tempos inesquecíveis, que infelizmente foram esquecidos por a maioria dos pós-administradores
que nunca se emocionaram ao ouvir uma música executada por uma banda de musica,
nem prestigiaram se que um ensaio ou retreta da BANDA MAESTRO ÁLVARO CAMPOS, lembro-me a nostalgia dos tempos em que
íamos á pracinha ver e ouvir a Banda tocar e lá se reuniam jovens, professores,
senhoras e senhores da sociedade e quase sempre encontrávamos sua gratificante presença
sempre aplaudindo a apresentação. Fica nossas mais respeitosas considerações
por Vossa Senhoria, e a certeza que por unicamente por vosso empenho e causa ainda
existe a proliferação da cultura Musical da Banda Maestro Álvaro Campos em
Araripina e região.
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